A MÍDIA RENTISTA E AS TAXAS DE JUROS.

Muito bom esse artigo do Luis Nassif, publicado no GGN, e que republicamos aqui, para aquele leitor mais atento verificar porque os rentistas apostam tanto nos neoliberais.

Eles querem taxas Selic mais alta porque remuneram seus investimentos e eles lucram.

Na contra mão,  para que os juros não inibam o consumo e a produção, o país mantem uma taxa de juros abaixo da Selic, e quem paga a diferença somos nós.

Com os juros acompanhando a taxa Selic, o consumo cai, as empresas não produzem, e vem o desemprego.

E com ele todas as mazelas que já são por demais conhecidas, desde quando os neoliberais governavam este país.

E é assim na Europa: França, Espanha, Portugal, Inglaterra, todas sofrem com o desemprego crescente.

Na América, os Estados Unidos viram seus índices de desemprego saltarem para mais de 7,5%. E no neste mês de agosto, o número de cidadãos que procuraram o seguro desemprego por lá, somou mais de 350 mil americanos do norte.

Aqui no Brasil, vivemos uma briga sócio-política: de um lado os neoliberais e seus rentistas querendo mais juros. Eles vivem disso. Para se ter uma ideia, os donos da rede Globo são os mais interessados em juros altos. Eles possuem uma fortuna de mais de 50 bilhões de reais e querem retorno desse dinheiro em suas aplicações. Daí, sua luta contra o atual governo.

De outro lado os trabalhistas, querendo a todo custo a manutenção dos empregos dos que já têm, e a abertura de novas frentes para aqueles que estão chegando – os jovens que estão entrando no mercado de trabalho.

Entre eles, o eleitor, que é quem vai decidir o que quer para o futuro do país.

Só, que, coadjuvando sua opinião, a mídia e seus rentistas, menos de 1% da população brasileira, tentando influir não no destino do país, mas nos lucros de seus investimentos.

Martins Andrade.

As gambiarras com a política de juros

Há uma incapacidade crônica dos nossos melhores economistas em investir contra o pensamento estabelecido e pensar soluções definitivas para o país.

Tome-se o caso do sistema de “metas inflacionarias” adotado pelo Banco Central em 2001.

A ideia central é permitir ao BC articular as expectativas de mercado:

  1. Aumenta a inflação, o BC aumenta a Selic.

  2. Teoricamente, aumentando a Selic há um encarecimento do crédito, reduzindo a demanda.

  3. Com menos demanda haveria menos pressão sobre os preços.

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Até agora, sucessivos trabalhos acadêmicos mostraram:

  1. A maior influência sobre a inflação é a indexação. Sobre isso, o sistema de metas inflacionarias não tem a menor influência.

  2. O sistema de metas inflacionarias atua apenas sobre duas pernas: uma, a da apreciação cambial (com todo o leque de problemas que traz); outra, através das expectativas.

As expectativas afetam muito pouco o consumo. Mas afetam em muito o investimento. O consumidor continua consumindo; mas o empresário não irá aumentar a produção.

Consequência: consumo em alta, produção em queda, gerando desequilíbrios de monta.

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Vejamos, agora, os efeitos deletérios da Selic.

O primeiro, é a apreciação cambial, uma herança maldita que está destroçando a estrutura industrial do país.

O segundo – como já foi dito – o de desestimular os investimentos sem desestimular o consumo.

O terceiro, o custo fiscal dos incentivos dados pelo governo para o financiamento privado.

Para ampliar o funding,  o governo injetou uma enorme soma de recursos especialmente no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social.

O Tesouro capta a 11% ao ano; o BNDES empresta a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) de 5%. A diferença entre as duas taxas significa um custo fiscal de R$ 30 bilhões por ano, ou 0,6% do PIB brasileiro.

Evidentemente que a distorção está não apenas nos níveis elevados da Selic, mas no fato de se tentar amarrar o financiamento da dívida pública e toda estrutura de taxas de juros longa aos movimento de curto prazo da política monetária.

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Os desafios definitivos do país são:

  1. Discutir modelos que eliminem de vez os fatores que ainda pressionam os preços, dentre os quais a indexação

  2. Desindexar a dívida pública dos movimentos de curto prazo da política monetária.

  3. Encontrar outros mecanismos que permitam coordenar as expectativas.

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Em vez disso, dois dos melhores economistas atuais propõe meras gambiarras.

Em vez de – com suas luzes – pensar em outras formas, menos custosas, de coordenar as expectativas, o ex-Ministro Delfim Netto enaltece o efeito expectativas.

Nelson Barbosa propõe aproximar a TJLP da Selic, para evitar o custo fiscal. Ou seja, indexar ainda mais a economia em movimentos pró-cíclicos: a inflação aumenta, a economia piora, aumenta a Selic e, de quebra, aumentam os juros do BNDES.

Segundo Barbosa, a medida irá melhorar as expectativas de longo prazo da economia.

Poderá melhorar as expectativas do mercado; não do empresário que irá tomar um financiamento, agora a taxa de juros pós-fixadas.

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Tudo isso em nome de um modelo – as metas inflacionárias – que até hoje não se mostrou eficaz no combate à inflação.

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